16 junho 2015

A Ceia do Senhor | M. Lloyd-Jones


A Última Ceia - Leonardo Da Vinci / 1448-1449

Assim., pois, a Ceia do Senhor nos é memorial que em e através de nosso Senhor Jesus Cristo, Deus fez com os crentes um novo pacto. Cristo é o mediador do novo pacto. Ele é o cabeça e representante da humanidade nesse novo acordo, nesse novo è maravilhoso pacto que Deus fez com os homens e as mulheres. Em Hebreus, capítulo 8, deparamos com esse notável contraste entre os dois pactos, e é muito interessante notá-los.

"Porque repreendendo-os, diz: eis que virão dias, diz o Senhor, em que estabelecerei com a casa de Israel e com a casa de Jüdá um novo pacto. Não segundo o pacto que fiz com seus pais no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; pois não permaneceram naquele meu pacto, e eu para eles não atentei, diz o Senhor. Ora, este é o pacto que farei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o Senhor; porei as minhas leis no seu entendi­mento, e em seu coração as escreverei; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo; e não ensinará cada um ao seu concidadão, nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece ao Senhor; porque todos me conhecerão, desde o menor deles até o maior. Porque serei misericordioso para com suas iniqüidades, e de seus pecados não me lembrarei mais" (Hebreus 8:8-12).


       E assim, toda vez que nos reunimos para celebrarmos a Ceia do Senhor, estamos declarando este novo pacto e o conteúdo do novo pacto do qual somos lembrados ali em Hebreus, capítulo 8. Vocês percebem quão tremenda coisa é reunir-se à mesa e tomar o pão e o vinho?


Mas ainda que João, capítulo 6, não seja uma referência à Ceia como tal, expressa-se uma verdade nos versículos 56 e 57 que certamente pode ser aplicada nesta altura. Nosso Senhor diz: "Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele. Assim como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo pelo Pai, assim, quem de mim se alimenta, também viverá por mim". Ora, nosso Senhor mesmo continua a explicar que isso é apenas uma figura: "Mas, sabendo Jesus em si mesmo quemurmuravam disto os seus discípulos, disse-lhes: isto vos escandaliza? Que seria, pois, se vísseis subir o Filho do homem para onde primeiro estava? O espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita; às palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida" (vv. 61-63). De fato Ele está dizendo: "Vocês devem comer-Me. Devem comer Minha carne e beber Meu sangue. Isto é, devem viver em Mim. Como o Pai Me enviou, e Eu vivo pelo Pai, assim também Eu os estou enviando, e vocês devem viver por Mim." Essa era uma participação espiritual. Ele não diz que Se alimentava literalmente da substância de Seu Pai celestial, claro que não! E uma concepção espiritual: "(Minhas palavras) são espírito e são vida".



Portanto devemos viver do Senhor Jesus Cristo. Ele é nossa vida. E assim o pão e o vinho nos fazem lembrar dEle. Representam-nO, são uma figura, um retrato dEle. Quando realmente tomamos o pão e o comemos, quando bebemos o vinho e o absorvemos, devemos dizer: "Sim, eu devo alimentar-me do Senhor como Ele me disse. Devo viver dEle. Devo participar dEle. Como Ele participava do Pai, assim eu me alimentarei dEle,não num sentido físico, e sim, espiritual. O pão e o vinho me fazem lembrar que devo comer a carne e beber o sangue do Filho do homem num sentido espiritual, caso eu queira ser um cristão forte, viril e vitorioso".

Há algo mais que é representado pelo pão e pelo vinho, e é o seguinte: a união dos crentes uns com os outros. Estão todos eles não só unidos a Cristo; estão todos eles unidos uns aos outros. Ora, o apóstolo Paulo ensinou isso em 1 Coríntios, capítulo 10, em cujo capítulo devemos sempre prestar detida atenção. Escreve ele: "Porventura o cálice de bênção que abençoamos, não é a comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos, não é porventura a comunhão do corpo de Cristo?"A seguir, observem isto: "Embora muitos, somos um só pão, um só corpo; porque todos participamos de um mesmo pão" (1 Cor. 10:16, 17). Ora, vocês percebem o que Paulo está ensinando aí? Ele diz que, ao participarmos de Cristo, nos tornamos um; nos tornamos, se vocês preferirem, um só pão. Há quem diga que o versículo 17 deve ser traduzido assim: "Pois, sendo muitos, somos uma só massa" - não um só pão - "e um só corpo". Por isso, quando celebramos a Ceia e o pão é partido, somos lembrados a um e ao mesmo tempo das partes e do todo.


    O termo comunhão, portanto, representa não só nossa comunhão com o Senhor, mas também nossa comunhão uns com os outros. Somos jungidos com Ele porque estamos todos nEle, e essa é a razão por que, no capítulo 11, o apóstolo prossegue para nos dar o ensino que ele nos dá. Na verdade diz ele: "Vocês estão negando o próprio princípio da comunhão. Alguns de vocês estão comendo demais, enquanto outros não têm o suficiente para comer. Vocês são egoístas, são divididos, mas todos vocêsdevem ser um só. Devem esperar uns pelos outros". "Acaso nãopercebem", pergunta o apóstolo, "que estão negando uma das coisas centrais ensinadas pela Ceia do Senhor - que vocês são todos um? Devem levar as cargas uns dos outros, devem compartilhar uns com os outros o que possuem, porque são todos partes da mesma massa, do mesmo pão. E é inútil dizerem que têm comunhão com Ele se não estão em comunhão uns com os outros." Paulo fala acerca das divisões e das heresias, e os condena porque contradizem tudo o que é representado pela Ceia do Senhor 


(Interessante notar que Jesus entrega o "bocado molhado" a Judas e manda que ele faça o que havia planejado antes de servir a ceia. Isso reforça que esse é um momento de comunhão. Jesus espera que o traidor saia para só então celebrar a páscoa com seus verdadeiro discípulos. "Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma deste pão e beba deste cálice." 1 Coríntios 11:28). 

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