A Última Ceia - Leonardo Da Vinci / 1448-1449 |
Assim., pois, a Ceia do Senhor nos é
memorial que em e através de nosso Senhor Jesus Cristo, Deus fez com os crentes um
novo pacto. Cristo é o mediador do novo pacto. Ele é o cabeça e
representante da humanidade nesse novo acordo, nesse novo è maravilhoso pacto
que Deus fez com os homens e as mulheres. Em Hebreus, capítulo 8,
deparamos com esse notável contraste entre os dois pactos, e é muito
interessante notá-los.
"Porque repreendendo-os, diz: eis que virão
dias, diz o Senhor, em que estabelecerei com a casa de Israel e com a casa
de Jüdá um novo pacto. Não segundo o pacto que fiz com seus pais no dia em
que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; pois não permaneceram
naquele meu pacto, e eu para eles não atentei, diz o Senhor. Ora, este é o
pacto que farei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o Senhor;
porei as minhas leis no seu entendimento, e em seu coração as escreverei; eu
serei o seu Deus, e eles serão o meu povo; e não ensinará cada um ao seu concidadão,
nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece ao Senhor; porque todos me
conhecerão, desde o menor deles até o maior. Porque serei misericordioso para
com suas iniqüidades, e de seus pecados não me lembrarei mais" (Hebreus
8:8-12).
E
assim, toda vez que nos reunimos para celebrarmos a Ceia do Senhor,
estamos declarando este novo pacto e o conteúdo do novo pacto do qual
somos lembrados ali em Hebreus, capítulo 8. Vocês percebem quão tremenda coisa
é reunir-se à mesa e tomar o pão e o vinho?
Mas ainda que João, capítulo 6, não seja uma
referência à Ceia como tal, expressa-se uma verdade nos versículos 56 e 57 que
certamente pode ser aplicada nesta altura. Nosso Senhor diz: "Quem
come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele. Assim
como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo pelo Pai, assim, quem de mim se
alimenta, também viverá por mim". Ora, nosso Senhor mesmo continua a
explicar que isso é apenas uma figura: "Mas, sabendo Jesus em si
mesmo quemurmuravam disto os seus discípulos, disse-lhes: isto vos escandaliza?
Que seria, pois, se vísseis subir o Filho do homem para onde primeiro
estava? O espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita; às
palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida" (vv. 61-63).
De fato Ele está dizendo: "Vocês devem comer-Me. Devem comer Minha carne e
beber Meu sangue. Isto é, devem viver em Mim. Como o Pai Me enviou, e Eu
vivo pelo Pai, assim também Eu os estou enviando, e vocês devem viver por
Mim." Essa era uma participação espiritual. Ele não diz que Se
alimentava literalmente da substância de Seu Pai celestial, claro que não! E
uma concepção espiritual: "(Minhas palavras) são espírito e são
vida".
Portanto devemos viver do Senhor Jesus Cristo.
Ele é nossa vida. E assim o pão e o vinho nos fazem lembrar dEle.
Representam-nO, são uma figura, um retrato dEle. Quando realmente tomamos o pão
e o comemos, quando bebemos o vinho e o absorvemos, devemos dizer: "Sim,
eu devo alimentar-me do Senhor como Ele me disse. Devo viver dEle. Devo
participar dEle. Como Ele participava do Pai, assim eu me alimentarei
dEle,não num sentido físico, e sim, espiritual. O pão e o vinho me fazem
lembrar que devo comer a carne e beber o sangue do Filho do homem num
sentido espiritual, caso eu queira ser um cristão forte, viril e
vitorioso".
Há algo mais que é representado pelo pão e pelo
vinho, e é o seguinte: a união dos crentes uns com os outros. Estão todos eles
não só unidos a Cristo; estão todos eles unidos uns aos outros. Ora, o
apóstolo Paulo ensinou isso em 1 Coríntios, capítulo 10, em cujo capítulo
devemos sempre prestar detida atenção. Escreve ele: "Porventura o
cálice de bênção que abençoamos, não é a comunhão do sangue de Cristo? O pão
que partimos, não é porventura a comunhão do corpo de Cristo?"A
seguir, observem isto: "Embora muitos, somos um só pão, um só corpo;
porque todos participamos de um mesmo pão" (1 Cor. 10:16, 17). Ora, vocês
percebem o que Paulo está ensinando aí? Ele diz que, ao participarmos de
Cristo, nos tornamos um; nos tornamos, se vocês preferirem, um só pão. Há
quem diga que o versículo 17 deve ser traduzido assim: "Pois, sendo
muitos, somos uma só massa" - não um só pão - "e um só corpo".
Por isso, quando celebramos a Ceia e o pão é partido, somos lembrados a um
e ao mesmo tempo das partes e do todo.
O termo comunhão, portanto, representa
não só nossa comunhão com o Senhor, mas também nossa comunhão uns com os
outros. Somos jungidos com Ele porque estamos todos nEle, e essa é a razão
por que, no capítulo 11, o apóstolo prossegue para nos dar o ensino que
ele nos dá. Na verdade diz ele: "Vocês estão negando o próprio
princípio da comunhão. Alguns de vocês estão comendo demais, enquanto
outros não têm o suficiente para comer. Vocês são egoístas, são divididos,
mas todos vocêsdevem ser um só. Devem esperar uns pelos outros".
"Acaso nãopercebem", pergunta o apóstolo, "que estão negando uma
das coisas centrais ensinadas pela Ceia do Senhor - que vocês são todos um?
Devem levar as cargas uns dos outros, devem compartilhar uns com os outros
o que possuem, porque são todos partes da mesma massa, do mesmo pão. E é
inútil dizerem que têm comunhão com Ele se não estão em comunhão uns com
os outros." Paulo fala acerca das divisões e das heresias, e os
condena porque contradizem tudo o que é representado pela Ceia do
Senhor.
(Interessante notar que Jesus entrega o "bocado molhado" a Judas e manda que ele faça o que havia planejado antes de servir a ceia. Isso reforça que esse é um momento de comunhão. Jesus espera que o traidor saia para só então celebrar a páscoa com seus verdadeiro discípulos. "Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma deste pão e beba deste cálice." 1 Coríntios 11:28).