As coisas não são para nós apenas aquilo que são, mas aquilo que julgamos que sejam. O que vale dizer que nossa atitude em relação a elas em análise final, é mais importante do que as coisas em si.
Este é um conhecimento comum, como uma moeda velha, amaciada pelo uso. Todavia, traz sobre si a marca da verdade e não deve ser rejeitado por ser familiar.
Um desses fatos é o mundo em que vivemos. Ele está aqui e tem estado aqui através dos séculos. Esse é um fato estável, praticamente imutável como o passar do tempo, mas quão diferente é a visão do homem moderno daquela de nossos país. Vemos claramente neste ponto como é enorme o poder da interpretação. O mundo para todos nós não é apenas aquilo que é, mas aquilo que cremos que seja. E o sofrimento ou a felicidade depende em grande parte de nossa interpretação.
Sem ser preciso ir muito além da época em que nosso país foi descoberto e começou a desenvolver-se, podemos observar o imenso contraste entre o comportamento moderno e o de nossos ancestrais. Nos primeiros tempos, quando o cristianismo exercia influência predominante sobre o nosso modo de pensar, os homens concebiam o mundo como um campo de batalha. Nossos pais acreditavam que o pecado, o diabo e o inferno compunham uma força única; enquanto Deus, a justiça e o céu eram aforça contrária à deles. Os dois poderes estavam em luta constante na natureza humana, sendo a sua inimizade profunda, grave e irreconciliável. O homem,segundo nossos pais, tinha de escolher qual o lado em que queria ficar; não podendo manter-se neutro. Para ele era um caso de vida ou morte, céu ou inferno, e se decidisse colocar-se ao lado de Deus, podia esperar guerradeclarada contra os inimigos do Senhor. A luta seria real e mortífera, durandoenquanto houvesse vida aqui na terra. Os homens consideravam o céu como umavolta da guerra, uma deposição da espada, a fim de gozar da paz do lar preparado para eles.
Os sermões e hinos daqueles dias tinham quase sempre um tom marcial, ou talvez um traço de saudade do lar. O soldado cristão pensava no lar, no descanso, na reunião com os seus, e sua voz se alteava plangente, ao cantar a batalha ganha e a vitória conquistada. Mas quer estivesse enfrentando as armas inimigas ou sonhando sobre o fim da guerra e a acolhida do Pai, jamais se esquecia da espécie de mundo em que habitava. Era um campo de batalha e muitos ficavam feridos ou eram mortos.
Esse conceito é indiscutivelmente bíblico.Descontando os símbolos e metáforas contidos nas Escrituras, trata-se mesmo assim de uma doutrina sólida: tremendas forças espirituais acham-se presentes no mundo e o homem, devido à sua natureza espiritual, se encontra preso entre elas. Os poderes malignos desejam destruí-lo, enquanto Cristo acha-se presente para salvá-lo mediante o poder do evangelho. A fim de obter livramento ele deve colocar-se ao lado de Deus em fé e obediência. Em resumo, nossos pais pensavam dessa forma e, segundo creio, é isso que a Bíblia ensina.
Como tudo mudou hoje: o fato permanece o mesmo, mas a interpretação modificou-se completamente, Os homens pensam no mundo não como um campo de batalha, mas como um parque de diversões. Não estamos aqui para lutar, mas para nos divertir. Esta não é para nós uma terra estranha, e sim o nosso lar. Não nos preparamos para viver, já estamos vivendo, e o melhor afazer é livrar-nos de nossas inibições e frustrações e vivermos plenamente. Em minha opinião, resume-se nisso a filosofia religiosa do homem moderno,abertamente professada por milhares e tacitamente mantida por outros milhões que vivem segundo a mesma sem terem dado expressão verbal aos seus conceitos.
Esta mudança de atitude com relação ao mundo teve e continua tendo seus efeitos sobre os cristãos, até os cristãos evangélicos que professam fé na Bíblia. Através deuma curiosa manipulação dos números eles conseguem uma soma errada, mas alegam ter a resposta certa. Parece fantasia, mas não passa de verdade.
O fato de este mundo ser um parque de diversões e não um campo de batalha foi agora aceito na prática pela vasta maioria dos cristãos evangélicos. Eles poderiam tentar furtar-se a uma resposta se lhes pedissem diretamente que declarassem a sua posição, mas seu comportamento os acusa.Estão fazendo as duas coisas, alegrando-se em Cristo e no mundo e contando a todos que é possível aceitar Jesus sem abandonar as diversões e que o cristianismo é a coisa mais alegre que se possa imaginar.
A “adoração” derivada dessa perspectiva devida é tão descentrada quanto o próprio conceito em si, uma espécie de vida noturna santificada, sem as bebidas e os bêbados vestidos a rigor.
A coisa mostra-se tão grave ultimamente que tornou-se agora dever de cada cristão reexaminar sua filosofia espiritual à luz da Bíblia e, uma vez descoberto o caminho das Escrituras, ele deve segui-lo, mesmo que tenha de separar-se de muita coisa antes aceita como real. mas que agora à luz da verdade sabe ser falsa.
Uma visão correta de Deus e do mundo futuro exige que nós também tenhamos uma perspectiva do mundo em que vivemos e nossa relação com ele. Tanta coisa depende disto que não podemos ser negligentes a este respeito.
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ResponderExcluirMuito bom esse texto! É interessante esse tipo de pensamento, porque se nós pensarmos no mundo como um parque de diversões, a "guarda baixa" e nós não ficamos atentos com o perigo real dele. Creio que é exatamente o que essa nova filosofia quer, nos deixar mais acomodados, assim, não vigiando, nós iremos cair. Oremos e fiquemos alertas!! Nossa batalha é constante e Deus está conosco para nos ajudar!
ResponderExcluirObrigada, Rebeca, por sua participação! Você apontou um importante aspecto de nossa caminhada neste mundo: se relativizamos os perigos que ameaçam nossa fé, se achamos "normais", ou inofensivos, os prazeres deste mundo, corremos o risco de sermos derrubados. Que o Senhor nos ilumine sempre o entendimento a fim de discernirmos bem tudo e mantermos nossa firmeza espiritual. Abraço!
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