10 novembro 2009

Os Irmãos Karamazov
Dostoiévski

É uma obra aclamada pela crítica e trata-se de uma narração muito pormenorizada como que de uma testemunha dos aludidos fatos numa cidade afastada russa. O narrador pede constantes desculpas ao leitor por não saber alguns fatos, por considerar a própria narrativa longa (mesmo nos formatos grandes o livro passa de 700 páginas) e por considerar seu herói alguém pouco conhecido ou, até mesmo, desimportante. A narrativa não só conversa com o leitor, mas é onipresente e também indica ou infere os pensamentos dos incontáveis personagens.





Quero ressaltar aqui um trecho que achei legal. Ao falar sobre Aliócha, ele diz que esse rapaz era dos nossos dias, isto é, “honesto por natureza, destes que exigem a verdade, procuram-na, crêem nela e estão prontos a sacrificar a própria vida. Infelizmente, os jovens de hoje”, continua ele, “não compreendem que o sacrifício da vida é o mais fácil de todos. Sacrificar, por exemplo, cinco ou seis anos de ardente mocidade num penoso estudo, mesmo que seja para decuplicar suas forças”. Aliócha escolheu o caminho oposto. “Quando se convenceu, depois de pensar seriamente que Deus existe e a alma é imortal, disse consigo: ’desejo viver para a imortalidade não posso aceitar um compromisso pela metade’. Está escrito ‘Dá tudo o que tens e segue-me, se queres atingir a perfeição’. Aliócha pensou ‘Não posso em vez de tudo, dar apenas dois rublos, e em vez do segue-me, ir simplesmente à missa’”.

Será que podemos afirmar, assim como Aliócha, que desejamos mais o Senhor que tudo aqui, e que não aceitamos um compromisso pela metade? Será que estamos dando o nosso “tudo” a Deus ou estamos dando apenas aquilo que nos resta? Onde está empregada as nossas forças, vigor, dinamismo, coragem, energia? Deus quer de nós um compromisso ardente, apaixonado, pronto para o que der e vier. Dar tudo a Ele é entregar todos os nossos sonhos, aqueles mais secretos, é entregar nossas escolhas e vontades a Ele e descansar sabendo que Ele fará o que é melhor, e mesmo que o caminho seja árduo, Ele caminhará conosco, e mesmo que nossos planos não se realizem, saber que Ele tem reservado para nós, ao final do caminho estreito, uma coroa de glória.

Será que estamos seguindo a Cristo, e não apenas assistindo aos cultos? Será que somos meros espectadores da Sua glória, assim como o povo de Israel no deserto? Ele quer de nós uma devoção genuína, completa. Um sacrifício vivo, onde no altar seja oferecido o que de melhor temos. Ele quer uma adoração que nos custe algo. Ele quer que o nosso vaso de alabastro seja quebrado aos seus pés e que o aroma se espalhe por onde quer que passemos.

Que possamos dizer como Davi: “Não oferecerei sacrifício a Deus que não me custe nada”. Que o nosso amor por Ele seja maior que nossos planos pessoais, amizades, paixões terrenas, comodismos. Ele é o nosso noivo apaixonado e espera de nós um amor ardente e fiel.

Deus proteja vocês. Não tenham medo de serem diferentes, altruístas, autênticas. Deus procura adoradores que o agradem.


Boa leitura!


Adna Souza Barbosa

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